REFLEXÕES SOBRE O ESTÁGIO NA ESCOLA VILMA BRITO
O estágio foi uma experiência, impar onde me proporcionou um leque de aprendizado. Inicialmente é claro que foi muito difícil, vivenciando momentos de apreensão, mas que ao passo que vivenciava cada etapa do estágio, fui percebendo a importância do momento em que estava vivenciando. Logo na observação ficou claro que não seria uma tarefa tão fácil, porque se tratava de uma sala muito heterogênea e percebe também a complexidade existente no ambiente escolar juntamente com as deficiências vivenciada na escola pública.
Toda essa descoberta foi interessante, pois, saberia o lugar que no qual iria conviver. Isso retrata a importância da realização da observação para a realização do diagnóstico. A autora Ana Maria Bezerra Almeida destaca a importância do diagnóstico da escola para a realização do estágio, destacando que esse é o primeiro grande passo. Libâneo também explica o que é o diagnóstico e ressalta a sua importância. Pois, segundo LIBÂNEO (2001).
Diagnóstico consiste no levantamento de dados e informa
ções para ter uma visão de conjuntos das necessidades e
problemas da escola e facilitar a escolha das alternativas
de solução( p. 178).
Além de toda complexidade encontradas no ambiente escolar, ainda tive que vencer o choque que é passar de aluno para professor. Sendo um momento muito perturbador, onde busquei embasamento nas teorias, chegando a descobrir que elas por si só não dá conta. O teórico Veenmam fala sobre este choque que o estagiário vivencia.
De acordo com Veenmam (1984, p. 143), este conceito de choque indica o corte que se dá entre os ideais criados durante a formação inicial e a rude realidade do dia a dia numa sala de aula, não podendo, pois, circunscrever - se a um período limitado de tempo, trata - se antes de um processo complexo e prolongado.
Diante de tanta complexidade faz - se necessário uma reflexão, antes da ação, tendo que levar em conta que a escola é um espaço cultural, que funciona através de regras e normas que temos que respeitar, pois, passaremos um curto período de tempo, ou seja, temos que nos adequar às regras do ambiente e jamais se esquecendo que o trabalho a ser desenvolvido será com crianças.
Pensando em todos esses fatos citados acima, além da insegurança, surgem alguns dilemas que muitas vezes me tiraram o sono, um do meu maior dilema foi como desenvolver um trabalho que desenvolvesse a leitura dos alunos, já que eles estavam tão condicionados a copiar o tempo todo sem saber o que escrevia?
E foi ai que recorrir a Paulo Freire que mesmo tento alfabetizado adultos nos deixou muito ensinamentos, onde um deles e que para me é muito importante, é que era necessário alfabetizar a partir da realidade dos alunos, nos mostrando que é possível pensar em uma educação menos bancária, voltada para a necessidade e a especificidade de cada aluno, permitindo a esse sujeito sair da condição de oprimido.
De acordo com FREIRE (1997, p. 46), uma das tarefas mais importante da prática educativo - critíco é propiciar as condições em que os educando em suas relações uns com os outros e todos com o professor ensaiam a experiência profunda de assumir - se. Assumir - se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva, porque é capaz de reconhecer-se como objeto.
Isso é muito interessante, pois, é possível desenvolver um trabalho dessa natureza com as crianças, onde eles participem de maneira mais ativa do seu processo de aprendizagem, se tornando capaz de construir seu próprio conhecimento. Ou seja, isso é deixar de fazer um trabalho tradicional, onde o aluno apenas ouve sentado atentamente o professor para a memorização do conteúdo, sem se quer saber onde o conhecimento adquirido será utilizado.
Outro grande dilema na qual me deparei foi além da heterogeneidade da sala, foi conseguir desconstruir nos alunos o hábito de copiar a tudo que encontrava no quadro. E isso foi vencido através da rotina que era realizado em sala, onde através do alfabeto móvel entre outras estratégias utilizadas em sala, ou seja, através do contato direto com os alunos ficou claro que não existe uma receita pronta e que somente através de situações vividas em sala é possível encontrar soluções. Ficando nítido que a professora deve estar atenta a cada aluno.
Foi muito gratificante perceber que mesmo ainda tendo muito o que aprender, foi possível desenvolver um trabalho de despertasse no aluno o desejo de aprender, se vendo como seres criativos, capazes de buscar respostas para o que lhe era questionado. Em alguns momentos de inquietações além do apoio da minha parceira busquei ajuda em outras colegas para assim desenvolver um trabalho cada dia mais eficaz, jamais se esquecendo que estava convivendo com crianças que estavam num processo de adaptação e que também era necessário respeitar o contexto que cada um está inserido.
O momento do estágio é muito riquíssimo, pois, mesmo sabendo que não se trata de um período em que vamos por em "pratica o que aprendemos na universidade" o que aprendemos é um ótimo subsídio, pois, em alguns momentos me recordei da importância afetividade citado pelo teórico Rogers e deu muito certo com os alunos agressivos. Pois, de acordo com o teórico, o relacionamento entre alunos e professores deve ser autêntico, compreensivo e de confiança, assim a aprendizagem significativa acontece, ou seja, é imprescindível a relação de afetividade professor - aluno, principalmente por se tratar de uma relação entre indivíduos. Segundo o teórico Carl Rogers:
A função do professor consistiria no desenvolvimento
de uma relação com seus alunos e de o estabeleci
mento de um clima nas aulas que possibilitasse a reali
zação natural dessas tendências,portanto, o professor
é um facilitador da aprendizagem significativa fazendo
parte do grupo e não estando colocado acima dele, ou
seja, o aspecto interacional da situação de aprendiza
gem é fundamental visando às relações interpessoais
e intergrupais. Onde o professor e o aluno são co – res
ponsáveis pela aprendizagem,não havendo avaliação
externa, a auto – avaliação deve ser incentivada, implica
em uma filosofia democrática.( pgs: 271,272)
Ficou claro que o professor precisa dar conta de inúmeras situações, onde não deve se preocupar apenas com conteúdos a serem desenvolvidos, mas atentar-se também para a faixa etária de cada aluno e o nível de desenvolvimento de cada um, sendo necessária muitas vezes a elaboração de atividades específicas a cada aluno. Essa simples atitude de atenção e cuidado é primordial para o avanço na aprendizagem dos alunos. E algo fundamental é a elaboração dos planos de aula, pois, é o norte para a condução da aula e infelizmente muitas vezes não é isso que acontece, também não é possível abrir mão da rotina, pois, entre outras coisas os alunos aprendem com a rotina que a vida é feita de regras e que há horários para a realização de cada tarefa.
Algo também muito importante é a realização das tarefas e a sua correção, pois, este é o momento do professor analisar o nível de aprendizagem do aluno em relação ao conteúdo trabalhado na aula. Sacristam (2000, p. 250), diz que uma tarefa letiva “não é uma atividade espontânea, desordenada e desarticulada, mas sim algo que tem uma ordem interna, um curso de ação. Ele ainda acrescenta dizendo:
O desenvolvimento de uma tarefa organiza a vida da
aula durante o tempo em que transcorre,o que lhe
confere a característica de ser um esquema dinâmico,
regula a interação dos alunos com os professores, o
comportamento do aluno como aprendiz e do profes-
sor, marca os parâmetros de utilização dos materiais,
aborda os objetivos e conteúdos de uma área curricu
lar de um fragmento da mesma, apresentando uma
ma de os acontecimentos discorrerem na classe.
Enfim, o período do estágio buscou nas necessidades de cada aluno dá o melhor de mim, buscando desenvolver um trabalho que os envolvesse, desenvolvendo a criatividade, criando juntamente com eles meios que os levassem ao conhecimento e jamais dando a resposta pronta, houve momentos que me excedir, pois, sou um ser humano como outros cheios de emoções e limitações, mas graças a Deus tive ao meu lado uma parceira maravilhosa que sempre me apoiou. Ou seja, foram momentos muito gratificantes onde percebe o envolvimento dos alunos nas atividades, cada um a sua maneira, até porque além de serem crianças estavam vivenciando situações até então desconhecida e o que é pior com pessoas também estranhas. É inexplicável a emoção do período do estágio, pois, aprendizagem é mútua, aprendi muito com eles e muita resposta que busquei no exterior da sala, encontrou no olhar de alguns deles. É inegável dizer que é um processo trabalhoso, estressante, mas os resultados obtidos no final e até mesmo no decorrer do estágio são muito bons, pois, é inexplicável a emoção que sentir ao ver alguns alunos que não sabiam sequer as letras do alfabeto, chegar depois de um determinado tempo conseguir ler algumas palavras através do trabalho desenvolvido por alunos - professores que não se sentiam seguros do trabalho que estavam desenvolvendo por não ter experiência em sala de aula.
A situação citada acima mostra que a partir do momento que nos dedicamos àquilo que fazemos e assumimos um compromisso é possível sim fazer um trabalho bom mesmo não tendo muita experiência. Infelizmente é isso que falta na maioria dos professores dedicação e compromisso com aquilo que lhe foi delegado. É difícil, mas é necessário esquecer um pouco as insatisfações da profissão e pensar nos pequenos cidadãos que estão no processo de formação.
O estágio me mostrou que mesmo ainda estando no início da minha carreira profissional e mesmo com tantas responsabilidades que um professor tem, sei que é isso que quero como profissão e tenho convicção que para ser um profissional que desejo, tenho que buscar sempre mais onde é fundamental ser sempre um professor pesquisador.
Agradeço a professora Socorro pela disciplina e dedicação, compromisso e ajuda, valeu a pena as lágrimas derramadas, pois, graças a tanta dedicação minha e da minha parceira mesmo quando pensei em desistir valeu a pena tudo que vive.
Só tenho a agradecer a Deus por ter me confiado àquelas crianças e ter colocado no meu caminho uma pessoa tão companheira como Rafaeli, pois, muitas vezes fomos âncora uma da outra. E sei que nada na vida é por acaso, pois, sei que tudo que foi realizado naquele estágio foi delegado por Deus, desde a escolha da escola Vilma Brito ao tema trabalhado, pois, sei que os valores que trabalhamos com aquelas crianças contribuíram de alguma maneira na formação de cada uma delas.
Os professores devem ter os olhos atentos como o de uma coruja, pois, assim saberá a necessidade de cada aluno e como agir em cada situação.
REFERÊNCIAS:
ALMEIDA, Ana Maria Bezerra.Dialogando com a escola.Ed.Demócrito.Fortaleza 1992.
FREIRE,Paulo.Educação como prática de liberdade.22ª edição.São Paulo: Paz e Terra,1996.
ROGERS,Carl.R. Liberdade para Aprender, Interlivros, Belo Horizonte, 1975.
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